Por muito tempo, nos ensinaram que emagrecer era uma equação simples: comer menos e se exercitar mais. A verdade é que, se fosse só isso, o mundo não estaria doente de tanto tentar. O que poucos dizem — e o que poucos têm coragem de encarar — é que emagrecer é, antes de tudo, uma escolha interna. É uma cura emocional. É uma reprogramação profunda. Não do cardápio, mas da mente.
A gente fala muito sobre quais alimentos comer, qual treino fazer, qual medicação tomar. Mas esquecemos de falar daquilo que sustenta tudo isso: os pensamentos que você escolhe pensar, os sentimentos que você permite que habitem o seu corpo.
A maioria das pessoas que sofrem com compulsão alimentar não está com fome de comida. Está com fome de segurança, de colo, de afeto. Está tentando tapar buracos antigos, muitos deles da infância, com aquilo que está mais à mão: a comida.
O corpo engorda quando sente que precisa se proteger. O cortisol — hormônio que explode no corpo quando sentimos medo, insegurança ou estresse — ativa esse modo de defesa. O corpo entra num estado de alerta e começa a reter, acumular, se fechar. O abdômen, especialmente, vira o centro dessa proteção. É como se a região do plexo solar — nosso centro de poder e autoestima — ficasse intoxicada por pensamentos de ameaça.
Por isso, muitas vezes, mesmo fazendo tudo “certo”, o corpo não responde. Porque ele não confia. Ele ainda está tentando sobreviver.
E aí vem uma das verdades mais duras e libertadoras: emagrecer não é sobre controlar a comida. É sobre aprender a sentir sem se anestesiar. É sobre se permitir viver o desconforto das emoções sem correr pro pacote de biscoito. É sobre transformar a relação com a mãe interna — aquela parte de nós que deveria nos nutrir com presença, carinho, escuta — mas que, às vezes, falha e tenta tapar o buraco com chocolate.
Emagrecer é escolher. Escolher o que você sente. Escolher o que você pensa.
Parece simples. Mas é profundo. E revolucionário.
Ao invés de perguntar “qual dieta emagrece mais rápido?”, talvez o real caminho seja se perguntar:
— Que tipo de pensamentos estou alimentando hoje?
— Que tipo de sentimento eu estou cultivando no meu corpo agora?
— Que histórias eu estou contando para mim mesma sobre quem eu sou, sobre meu valor, sobre meu corpo?
Se o que você pensa todos os dias é “meu corpo é feio”, “eu nunca vou conseguir”, “sou fraca”, “sou descontrolada”, então é isso que você está programando para viver. Não adianta um pré-treino potente se o seu pensamento é tóxico. Não adianta a melhor dieta do mundo se você acredita que vai fracassar.
É por isso que afirmações conscientes têm tanto poder. Porque elas reprogramam. Elas redesenham as sinapses. Elas trocam as roupas velhas da mente por roupas que cabem no seu agora.
Afirmações que podem te guiar nesse processo:
— “Eu escolho pensar pensamentos que me fortalecem.”
— “Meu corpo sabe o caminho do equilíbrio.”
— “Eu confio no meu ritmo, e ele é perfeito para mim.”
— “Eu me liberto da necessidade de me machucar com a comida.”
— “Hoje, eu sou uma mãe amorosa para mim mesma.”
Cada vez que você se trata com gentileza, cada vez que você respira antes de atacar a geladeira, cada vez que você escolhe um pensamento novo… algo muda. E quando o pensamento muda, o corpo muda.
E tem um ponto essencial que quase ninguém fala: a nossa obsessão pelo doce não é apenas sobre gosto. É sobre memória. É sobre afeto. É sobre a paz que um dia sentimos no colo da mãe.
O leite materno é adocicado. E, para muitos de nós, ele foi o primeiro sabor da vida. Foi o primeiro conforto. Foi o alívio depois do choro. Foi o colo. Foi a certeza de que tudo estava bem.
Então, quando na vida adulta sentimos esse desejo intenso por doces, o que estamos buscando, muitas vezes, não é açúcar. É acolhimento. É aquela memória celular de segurança, de tranquilidade, de saciedade emocional. É como se o corpo dissesse: “Me dá um pouco daquela paz de novo, por favor.”
Só que agora, em vez de peito, temos prateleiras. Em vez de colo, temos bolos. Em vez de amparo emocional, temos barras de chocolate. E isso não é fraqueza. Isso é o nosso corpo tentando lembrar quem ele foi um dia. Tentando voltar pra casa.
Por isso, o emagrecimento verdadeiro não começa na boca. Começa na alma. Começa quando você reconhece que aquilo que você chama de “compulsão por doce” é, na verdade, um pedido de carinho. Um desejo por aconchego. Uma saudade de si mesma.
E quando você acolhe esse desejo com consciência, sem culpa, sem brigar com ele, ele começa a mudar de forma. Porque você não precisa mais se entupir para se sentir segura. Você aprende a se nutrir de verdade — de presença, de escolhas, de novos pensamentos.
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