Decepção mata?

A gente não se decepciona com os outros. A gente se decepciona com a ilusão que criou sobre eles.
Porque o ego idealiza. Ele projeta o que precisa, o que sonha, o que espera.
E pinta o outro com as próprias cores, esquecendo que cada pessoa tem seu próprio tom, seu próprio cheiro, seu próprio limite.

E aí vem a dor. Não porque o outro fez algo horrível, mas porque ele não correspondeu à imagem que você mesmo criou.
A decepção não nasce do que o outro é — nasce da diferença entre o que ele é e o que você esperava que ele fosse.

É por isso que a aceitação é tão importante.
Aceitar o que o outro mostra — nas falas, nos silêncios, nas brincadeiras “inofensivas” que carregam verdades.
O amigo que faz piada machista tá falando, sim, o que pensa. Só não tem coragem de sustentar isso fora da ironia.

Quando a gente insiste em pintar por cima, a gente apaga o que é real pra manter vivo o que é falso.
Mas a desilusão — por mais dolorosa que seja — vem pra limpar essa lente.
Pra que você veja a pessoa como ela é, não como você precisava que ela fosse.

E aí, finalmente, você começa a se ver também.
Porque quanto mais você se apega à fantasia, mais você esconde suas próprias verdades.

Sofrendo por contatinho???


A dor não é pela pessoa. É pela fantasia.

Você já sofreu por alguém com quem ficou poucas vezes? Um contatinho. Uma troca de mensagens. Um beijo, talvez dois. E quando aquilo terminou — ou simplesmente sumiu — você se viu sofrendo como se tivesse perdido o amor da sua vida?

Isso acontece muito. E é importante entender: o que dói não é o fim da relação curta. É o fim da história que o seu ego criou.

O ego é um roteirista brilhante. Ele pega um gesto gentil e transforma em alicerce de uma parceria. Ele vê uma conexão e constrói um futuro inteiro sobre aquilo. Só que, muitas vezes, a realidade nunca correspondeu ao roteiro. A relação era rasa, mas a projeção era profunda.

O sofrimento vem da quebra dessa projeção. Da destruição do castelo que você construiu em silêncio. Aquele contatinho virou símbolo de uma ideia muito maior: a de ser vista, a de ser amada, a de finalmente ter algo que preencha. Então, quando a coisa desmorona, não é ele que você perdeu. É tudo que você queria que ele fosse.

Isso é a fantasia do ego.

E o ego fantasia porque ele precisa de controle. Ele não quer lidar com o real — que é incerto, caótico, muitas vezes frustrante. Ele prefere viver em cima da expectativa, porque ali ele ainda tem poder. Enquanto a história não se prova falsa, ela pode ser tudo. Ela pode ser mágica. Ela pode salvar.

E por isso dói tanto perder algo que “nem começou”. Porque, pra dentro de você, já estava muito adiantado. Já era. Já tinha nome, já tinha forma, já tinha vida.

Mas a cura está em voltar pro corpo. Em voltar pro agora. Em encarar o que realmente houve — não o que você gostaria que tivesse acontecido. Está em assumir: “doeu porque eu criei demais”. “Doeu porque eu idealizei.” “Doeu porque eu estava projetando uma solução pra um buraco interno.”

E aí, sim, dá pra começar a se libertar. Porque ninguém te enganou. A mentira foi interna. E se foi criada dentro, pode ser desfeita dentro também.


Autoexpressão: o corpo sabe antes da mente aceitar




Autoexpressão não é  simplesmente dizer o que pensa. Não é desabafar num post, nem soltar tudo num áudio de três minutos. É muito mais íntimo e silencioso que isso. Autoexpressão começa quando você se permite admitir para si mesma o que está sentindo — mesmo quando isso confronta tudo que você queria acreditar.

É quando você chega da casa de uma amiga e seu corpo reage: estômago preso, dor de cabeça, vontade de chorar sem saber por quê. E você tenta racionalizar. “Impressão minha.” “Ela é minha amiga há anos.” “Todo mundo tem defeitos.” Mas o corpo já falou. O estômago — esse segundo cérebro — já deu o aviso. A tensão nas costas, a pressão no peito, o cansaço que bate depois de uma conversa com alguém: tudo isso são dados. Informações vibracionais que chegam antes do raciocínio.
Só que aí entra o ego. O ego é a parte de você que criou uma imagem. Idealizou a amizade, idealizou o relacionamento, idealizou o “projeto de pessoa” que aquele alguém poderia ser. E por causa desse projeto, você passa por cima das sensações reais. Passa por cima do desconforto que sentiu quando ouviu um comentário racista vindo daquela amiga de infância. Passa por cima da dor que sentiu quando viu que ela estava saindo com um homem casado — e você, ao invés de dizer que te incomodava, foi desabafar com outra pessoa, pra não causar conflito.
Autoexpressão é você assumir o incômodo dentro de você. Sem precisar justificar, sem precisar negar. É saber que tem algo errado ali, mesmo que você ainda não saiba explicar. É parar de ignorar os sinais só porque a relação “parecia promissora”. Quantas vezes você se frustrou com uma relação curta, não pelo que viveu, mas pela expectativa que projetou? Pela fantasia que criou?

Isso acontece porque o ego se apega ao que poderia ser — enquanto o corpo está sempre avisando o que já é. E é por isso que o caminho da autoexpressão passa, primeiro, pelo corpo. Antes de falar para o outro, você precisa se ouvir. Sentir. Aceitar.

Comece a observar o que você sente quando sai de certos ambientes. Quando se despede de certas pessoas. Quando lê certas mensagens. Perceba o que o corpo diz. Ele não precisa de palavras.

E, às vezes, o que ele está dizendo é: “Isso aqui está pesado demais pra você”.

E você não precisa de permissão de ninguém pra sentir isso.

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