Viemos vivênciar o que já decidimos.


Existe uma sensação difícil de explicar quando a gente encontra certas pessoas pela primeira vez. Não é familiaridade comum, não é lembrança de outra vida necessariamente. É um reconhecimento silencioso. Como se, em algum ponto do nosso percurso interno, a gente já soubesse que aquela pessoa estaria ali. Não dá pra explicar racionalmente, mas o coração sabe.

Eu tenho pensado muito sobre isso. Sobre como o nosso destino, de alguma forma, já teve um resultado. Já está concluído. Como se estivéssemos vivendo algo que, num certo nível, já foi vivido. Claro que temos escolhas. A gente pode mudar de rota, tomar atalhos, fechar portas. Mas ainda assim... parece que há um caminho central, uma espécie de linha mestra da alma, que a gente já escolheu antes mesmo de nascer. E o que fazemos aqui é lembrar.

O Bashar falou uma vez faliu sobre o aborto. E ele respondeu que a criança já sabia da decisão  mãe antes de encarnar. Que ela teria escolhido pra viver aquele. Não era uma perda no sentido humano. Era uma experiência. Isso mexeu muito comigo.

E me lembrou a fala da Oráculo em Matrix, quando ela diz para o Neo que as escolhas já foram feitas. Ele só está ali pra entender por que escolheu. Eu sinto que é isso mesmo. A gente está aqui, vivendo, amando, criando laços, cortando outros... mas lá no fundo, uma parte de nós já sabe. Já viu o final. E mesmo assim, topa viver cada cena com entrega, porque é isso que dá sentido.

Quando fui na igreja do Daime pela primeira vez, eu não queria conhecer ninguém. Minha ideia era tomar o chá, viver a experiência, escrever sobre ela e seguir minha vida.

 Mas algumas pessoas me marcaram profundamente.  Lembro de rostos que me atravessaram como se dissessem: "nós já nos vimos antes, você só não se lembra ainda". E hoje, 7 anos depois, essas pessoas parte viva da minha caminhada.

E não tem como saber o que essas conexões vão virar. Amor, amizade, dor, transformação... Mas a marca do encontro já está lá desde o começo.

É curioso pensar que pra um lugar que eu não queria voltar, e de onde eu não queria laço nenhum, eu tenha saído tão profundamente tocada. E mais curioso ainda é sentir que isso tudo não é coincidência. É como se o meu eu mais profundo tivesse feito essas escolhas antes. E eu, aqui, só estivesse vivendo para entender o porquê.

Talvez seja isso. A vida é a lembrança viva daquilo que a gente já escolheu amar.



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