A queda da testosterona das últimas décadas.

A queda da testosterona — e o impacto da mãe ferida na formação do homem

Por trás da queda silenciosa da testosterona, existe uma história que começa cedo. Muito antes dos exames, dos diagnósticos e das reposições hormonais, existe um menino que foi gerado dentro de um útero atravessado por abandono, raiva, vergonha e solidão.

Muitos desses homens, hoje adultos, foram gestados por mulheres que estavam tentando sobreviver. Mulheres que foram largadas grávidas, que ouviram "se vira", que foram humilhadas pela própria família. Mulheres que engoliram o choro e seguiram, mas nunca deixaram de doer. E essa dor, sem espaço, virou desabafo no colo do próprio filho.

Só que o filho não tem estrutura para ser confidente. Ele não tem como entender. E aí, cresce carregando uma culpa que não é dele, uma sensação constante de que ele precisa compensar, salvar ou agradar a mãe.

Isso esmaga o masculino desde a raiz. Porque o menino, ao invés de construir seu eixo e sua força, cresce dentro de um campo emocional sufocante, onde precisa ser gentil demais, presente demais, compreensivo demais. Ele não se autoriza a ser firme, a ser forte, a ser bruto às vezes. Cresce com medo de magoar, medo de errar, medo de não ser suficiente. E esse medo, lá na frente, vira apatia, insegurança, indecisão.

E o corpo responde. A testosterona despenca.

O problema não é sentir — o problema é que o homem não foi preparado para lidar com o que sente. Porque ao contrário da mulher, que desde cedo é estimulada a falar, chorar, elaborar, o homem é podado. Então, quando ele mergulha no emocional, ele se perde. Ele emburrece, infantiliza, se fragmenta. Ele entra em colapso porque nunca foi ensinado a segurar esse campo. E aí deixa de funcionar.

Essa geração de mães feridas, sobrecarregadas e solitárias acabou gerando uma geração de homens que não sabem ser homens. E não por falta de caráter, mas por excesso de dor não processada, de feminilidade distorcida absorvida e de culpa internalizada.

Estamos lidando com um desequilíbrio ancestral.

A energia masculina precisa ser resgatada — não pela força bruta, mas pelo reencontro com sua nobreza. Com sua firmeza, clareza e capacidade de ação. E para isso, o homem precisa quebrar o ciclo de ser o filho que acolhe, e virar o adulto que assume. Que sente, mas não se afoga. Que ama, mas não se anula. Que lidera, mas com coração.

Porque o colapso da testosterona é só o sintoma. A raiz está muito mais fundo.

Além da sobrecarga emocional materna, que muitas vezes recai diretamente sobre os filhos homens, há um outro fator crucial e silencioso nesse cenário: a ausência de figuras masculinas estruturantes. A cada geração, o número de pais presentes, afetivos e comprometidos com o próprio papel tem diminuído. E essa ausência não se limita apenas ao pai biológico — ela se estende à falta de homens referenciais, que encarnem um masculino maduro, confiável, responsável e corajoso.

Meninos crescem, muitas vezes, entre mulheres cansadas e emocionalmente esgotadas, sem encontrar no seu entorno modelos de homens que inspirem confiança ou admiração. A figura masculina está cada vez mais apagada ou desconectada do seu centro — e isso rouba dos meninos a chance de se espelhar em um arquétipo masculino saudável.

Com isso, o filho homem passa a viver um tipo de lealdade inconsciente à dor da mãe. Ele se sente responsável por ela. E se, por um lado, sente que precisa protegê-la, por outro, muitas vezes se sente culpado ao desejar se aproximar do pai, mesmo que esse pai esteja ausente ou falhe em sua função.

Esse conflito interno, essa cisão entre o desejo de ser homem e a culpa por "trair" a dor da mãe, desorganiza emocionalmente o menino e interfere diretamente na sua energia vital. A testosterona, nesse cenário, também colapsa. Porque não há espaço para a força quando ela é sentida como abandono. Não há desejo de potência quando ser potente parece significar magoar quem cuidou de você.

A energia masculina vai se apagando ali, entre o medo de ferir a mãe e a ausência de um pai que aponte outro caminho. E assim, a queda de testosterona não é apenas fisiológica. Ela é, muitas vezes, o resultado de uma história emocional pesada demais para um menino sustentar.

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