O genitor – A ausência que marca, a rejeição que fere
A maternidade da nova era tem revelado uma ferida coletiva entre o feminino e o masculino.
Seja pela ausência total, seja pela presença vazia, muitas mães hoje vivem uma jornada de criação sozinhas — emocionalmente, espiritualmente e às vezes até fisicamente.
Algumas são mães solteiras.
Outras vivem casamentos longos, mas sentem que seguram o mundo enquanto o outro se acomoda na própria inconsciência.
O resultado é o mesmo: uma solidão que pesa na alma.
Mas há um ponto profundo e delicado que precisa ser visto com coragem:
toda mágoa não olhada vira rejeição.
E toda rejeição à figura do pai inevitavelmente respinga no filho.
Isso não é sobre culpar.
É sobre despertar para o impacto silencioso da dor não digerida.
Quando a mãe carrega mágoa profunda do pai do filho — seja por abandono, frustração, traição ou negligência — e não elabora isso com consciência, essa energia é transmitida à criança.
E aqui entra algo essencial: a criança é feita de 50% da energia da mãe e 50% da energia do pai.
Rejeitar o pai é, energeticamente, rejeitar metade do filho.
Mesmo que não seja verbalizado, a criança sente.
Ela percebe que, para ser amada pela mãe, talvez precise esconder ou rejeitar partes de si que são semelhantes ao pai.
Isso gera conflito interno, culpa, confusão e, muitas vezes, uma sensação profunda de não-pertencimento.
E então nasce a alienação emocional, às vezes até inconsciente.
A criança começa a apagar sua identidade para não “incomodar” a mãe, para não ser associada àquele que ela sente como o malfeitor.
Mas isso tem um custo: ela deixa de ser inteira.
E começa a sentir que precisa escolher entre os pais — como se amar um fosse trair o outro.
Essa dinâmica pode gerar dívidas emocionais difíceis de dissolver, relações frágeis, filhos que crescem sentindo que não têm o direito de existir completamente.
Filhos que vivem para “proteger” a mãe, tentando ser tudo aquilo que o pai não foi — ao preço de si mesmos.
Por isso, minha querida, esse trecho é um chamado amoroso, mas firme:
você não precisa perdoar o genitor para continuar.
Mas precisa aceitar que ele faz parte da história do seu filho — energeticamente, emocionalmente, e espiritualmente.
Você compartilha esse ser com outra alma.
E negar isso, mesmo que inconscientemente, desequilibra o sistema familiar.
Honrar o pai, mesmo em silêncio, é honrar o filho por inteiro.
Não é passar pano.
É devolver cada um ao seu lugar.
O pai pode não ter cumprido a função como você esperava.
Mas a sua consciência pode libertar seu filho da prisão invisível da rejeição.
E isso, minha querida, é amor em sua forma mais madura.
Você não precisa consertar o pai.
Mas pode escolher não carregar mais essa dor sozinha.
E pode, com sabedoria, ensinar ao seu filho que ele tem o direito de amar suas duas raízes — mesmo que uma delas ainda esteja adormecida.
Essa é uma das maiores provas de força e maturidade emocional que uma mãe pode viver.
E você é capaz.
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