Quando o Mecanismo de Defesa vira transtorno.


Nem toda proteção é cura. E nem todo comportamento que nos mantém "fortes" está realmente nos fazendo bem.

Desde pequenos, aprendemos — consciente ou inconscientemente — a nos proteger da dor emocional. Criamos formas de lidar com a rejeição, o medo, a insegurança, a vergonha. Essas formas se organizam na psique como mecanismos de defesa. Eles são úteis, necessários, e fazem parte da estrutura psicológica saudável.

Mas… e quando esse mecanismo deixa de ser temporário e vira um modo fixo de existir?

🌪️ O mecanismo que se cristaliza

Com o tempo, se a dor é repetida e não há espaço para acolhimento ou reparo, aquele mecanismo de defesa que era apenas um “recurso” pode cristalizar. Pode virar identidade, pode virar transtorno.

É o que vemos, por exemplo, em personalidades narcisistas.
Nesse caso, o que seria um conjunto de mecanismos de defesa normais (idealização, desvalorização, negação, projeção) se torna um sistema rígido de sobrevivência emocional, que afasta o sentir verdadeiro para preservar uma autoimagem ilusória.

🧱 O que está por trás disso?

A estrutura narcísica não nasce da vaidade. Ela se forma como armadura para esconder uma dor que parece insuportável.

Por trás de um comportamento frio, arrogante ou indiferente, existe quase sempre um ser humano que:

Não se sentiu amado de verdade por quem era;

Aprendeu a ser valorizado pelo que fazia ou representava;

Foi ensinado a reprimir sentimentos frágeis como medo, tristeza ou vergonha.


O narcisismo, então, não é um ego inflado — é um ego ferido demais, que precisou criar uma versão ideal de si para não colapsar emocionalmente.

📌 Quando o mecanismo vira transtorno?

A chave está aqui:

> Um mecanismo de defesa vira transtorno quando se torna a única forma da pessoa funcionar.



A defesa, que deveria ser pontual, vira regra de funcionamento. A pessoa não consegue mais acessar sua parte vulnerável, empática, real. Tudo que é sentido como fraqueza é afastado — em si e nos outros.

🕊️ Há cura?

Transformar um padrão cristalizado exige coragem. A dor original precisa ser vista, sentida e acolhida — sem máscara, sem armadura, sem fuga.

E isso só acontece quando há um desejo verdadeiro de cura.

A estrutura narcisista, por exemplo, pode se flexibilizar com tempo, consciência, apoio terapêutico e muita compaixão. Mas é um processo lento, porque envolve abrir mão de uma identidade que protegeu por toda a vida.


---

Conclusão:

Sim, mecanismos de defesa podem virar transtornos. Mas eles só fazem isso quando o acolhimento não vem, quando a dor não tem onde pousar.

Talvez o caminho da cura comece aqui:
parando de se culpar por ter se defendido e começando a se amar por estar pronta para se olhar de verdade.

Se você sente que partes suas funcionam em "modo automático", te afastando de você mesma… talvez seja hora de começar a conversar com essas partes. E isso pode ser mais leve do que parece.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você é um codependente emocional? (30 perguntas)

💔 1. Identidade e Autoestima 1. Eu me sinto vazia ou perdida quando estou sozinha? 2. Tenho dificuldade de saber quem sou fora ...

As 3 mais lidas