Vivemos tempos em que direita e esquerda parecem estar em campos opostos de batalha, cada uma defendendo suas pautas com fervor. Mas, quando se observa com um olhar mais filosófico e distanciado, talvez o que se veja ali não sejam posturas ideológicas amadurecidas, e sim fases diferentes da imaturidade humana.
A esquerda, com seu espírito inquieto, lembra muito a adolescência. É uma energia que quer gritar, expor, quebrar regras, reivindicar espaço. É como se tivesse quinze anos, com os hormônios borbulhando e um desejo profundo de se afirmar, de desafiar os limites. Por isso, tantos movimentos ligados à sexualidade, à quebra de tabus, à liberdade de expressão, acabam surgindo desse lado. A intenção pode ser legítima, mas a forma muitas vezes escapa ao bom senso: o íntimo é colocado na mesa da família, exposto a crianças, tratado como se não houvesse consequências. É o adolescente que ainda não aprendeu o valor do silêncio, do cuidado, do momento certo.
Já a direita parece ter passado por essa adolescência e chegado aos vinte e poucos anos. Já percebeu que os atos têm consequência, que a sociedade cobra, que se queimar pode custar um lugar. Então, adota uma postura mais contida. Mas isso não significa mais ética, e sim mais pudor. A regra parece ser: pode fazer o que quiser, desde que não seja visto. Desde que mantenha a aparência, a estrutura familiar, a linguagem “correta”. O problema é que essa aparência esconde muita hipocrisia. Muitos dos que pregam família e moralidade vivem vidas duplas, escondem desejos, exploram outros enquanto mantêm uma fachada limpa.
Ambos os lados, no fundo, estão ainda distantes da maturidade real. Porque maturidade não é só esconder ou expor. É saber o que mostrar, o que calar, o que respeitar. É ter bom senso. E isso não se ensina com ideologia. Não é mais um grupo, uma falange, uma bandeira. É uma postura diante da vida.
A maturidade verdadeira não grita e também não finge. Ela pensa, observa, sente com profundidade, mas escolhe como se expressar. Entende que a vida não é movida por emoção pura — porque viver assim é como estar sempre no meio de uma novela, ou de um estádio de futebol. E muita gente vive assim: torcendo por A ou por B, sendo levada pelas emoções, sem perícia técnica, sem raciocínio que sustente a escolha.
Isso ficou muito claro também nos momentos históricos, como o impeachment da Dilma. Era visível a quantidade de homens impuros, de ambos os lados, se colocando como defensores da moral, enquanto crucificavam uma mulher sem provas claras. Ali caiu a ficha: não é sobre lado, é sobre humanidade imatura.
Talvez o que falte seja menos ideologia e mais sabedoria. Um senso coletivo de comunidade. Porque o bem social não é um time para se torcer. Não é A ou B. É o que serve ao todo. E enquanto estivermos divididos emocionalmente, com nossos egos feridos e frustrados, não vamos conseguir construir esse bem comum. Porque essa divisão é o próprio sinal de que ainda somos jovens demais para entender o que significa viver em comunidade.
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